Por: Mariana Mourão
Foto: Moacyr dos Santos

O Programa do Ratinho surpreendeu (ou nem tanto) ao anunciar a volta da icônica Prova da Banheira, um dos quadros mais lembrados da televisão brasileira dos anos 90. Com muito sabão, corpos escorregadios e um certo grau de constrangimento cômico, o quadro marcou época e ajudou a consolidar o estilo irreverente — para alguns, escrachado — da televisão popular daquele período.

O retorno parece ser uma tentativa clara de resgatar a audiência por meio da nostalgia, mirando diretamente na memória afetiva do público que cresceu com as tardes e noites do SBT repletas de conteúdo sem filtro. O canal aposta no apelo visual e no humor físico, fórmula que já deu certo antes e, teoricamente, pode voltar a funcionar, especialmente num horário mais permissivo — após as 22h — onde a censura é mais branda e o público, mais adulto.

No entanto, o desafio está em atualizar a linguagem sem perder a essência. A TV de 2025 já não é a mesma dos anos 90. O público está mais atento às discussões sobre sexualização gratuita, papéis de gênero e respeito ao corpo alheio. Trazer de volta a Prova da Banheira como se o tempo não tivesse passado é arriscado e pode soar deslocado, até anacrônico.

Se o SBT quiser evitar críticas mais duras e transformar o quadro em algo mais do que um replay cansado do passado, será preciso mais do que espuma e câmera lenta. A chave pode estar na reinvenção com inteligência: manter o humor, mas atualizá-lo para dialogar com um público que, embora goste de lembrar do passado, também espera mais da TV aberta.

No fim das contas, a Prova da Banheira pode até gerar buzz e alguns picos de audiência, mas o verdadeiro teste será outro: se o quadro conseguirá se sustentar como entretenimento relevante ou se ficará preso no raso da nostalgia descontextualizada.