Por: Maurício Colombino
Foto: Divulgação

Em seu primeiro longa-metragem, o diretor italiano Edgardo Pistone entrega uma obra impactante e sensível que marca uma estreia promissora no cinema europeu. Adeus, Garoto (título original: Ciao Bambino) mergulha no cotidiano duro da juventude napolitana sem jamais perder a poesia visual, equilibrando com habilidade o lirismo e a crueza da realidade.

Ambientado no bairro periférico de Rione Traiano, o filme acompanha Attilio, um jovem de 19 anos encarregado de proteger Anastasia, uma prostituta do Leste Europeu. Sem admitir seus sentimentos, Attilio se vê apaixonado por ela. O drama se intensifica com a libertação de seu pai da prisão, que retorna trazendo uma pesada dívida — e exige do filho uma escolha difícil entre o amor e a lealdade familiar.

A fotografia em preto e branco de Rosario Cammatora é um dos grandes destaques da obra, conferindo um ar atemporal e profundamente simbólico à narrativa. As composições visuais remetem aos mestres do cinema italiano, como Antonioni e Pasolini, evocando uma estética que valoriza o silêncio, a introspecção e o não dito.

A atuação de Marco Adamo como Attilio é naturalista e potente. O jovem ator transmite com autenticidade as angústias de um personagem dividido entre o desejo e o dever. A química sutil com Anastasia, interpretada com sobriedade e força, reforça o tom melancólico da história.

Pistone conduz a trama com maturidade, evitando clichês e conduzindo o espectador por um terreno onde afeto, violência e redenção se entrelaçam. O resultado é um filme que permanece na memória, tanto por sua beleza estética quanto por sua densidade emocional.

Adeus, Garoto” estreou nos cinemas brasileiros no dia 8 de maio de 2025, com distribuição da Pandora Filmes. O longa foi premiado como Melhor Primeiro Filme no Festival de Cinema de Roma em 2024 e integrou a programação da 19ª edição do Festival de Cinema Italiano no Brasil.