“Apanhador de Almas” entrega terror atmosférico e inaugura nova era para o cinema de gênero brasileiro
Filme que prova que o medo também pode ser contado com identidade e qualidade cinematográfica no Brasil
Por: Mariana Mourão
Foto: Divulgação


O cinema de terror nacional acaba de ganhar um novo fôlego com Apanhador de Almas, que estreia no dia 18 de setembro, com distribuição da Retrato Filmes. Dirigido por Fernando Alonso e Nelson Botter Jr., o longa é uma bem-vinda aposta no terror sobrenatural, gênero ainda pouco explorado no Brasil, mas que aqui ganha densidade, estética e identidade próprias.
A trama acompanha quatro jovens aspirantes a bruxas que decidem presenciar um ritual durante um eclipse solar, mas acabam libertando uma criatura de outra dimensão. Diante de um mal que não compreendem, precisam tomar uma decisão drástica para sobreviver. É um enredo que mistura o fascínio do oculto com um drama sobre amadurecimento, culpa e escolhas irreversíveis — e é aí que o filme encontra sua força.
O elenco, liderado por Klara Castanho, entrega atuações sólidas, equilibrando medo e humanidade. Destaque para a estreia de Duda Reis no cinema, que surpreende pela entrega em cenas de tensão, e para Angela Dippe, que traz camadas de experiência e carisma para o longa. O grupo tem química e consegue sustentar o clima de constante ameaça que a narrativa exige.
Tecnicamente, Apanhador de Almas é um salto de qualidade para o terror brasileiro. A direção de fotografia de Giovanna Pezzo cria uma atmosfera sombria, sem recorrer ao óbvio, explorando contrastes de luz e sombras para intensificar o medo. A trilha sonora, assinada por Filipe Trielli e Daniel Gall, amplifica o suspense sem excessos, fazendo o público mergulhar no desespero das protagonistas.
A produção da Iron Chest Films demonstra que o cinema de gênero nacional pode dialogar com o público global sem perder autenticidade. Ao mesmo tempo em que se inspira em referências clássicas do terror, o filme preserva elementos da cultura brasileira e entrega um desfecho de impacto, que promete fazer o público sair da sala discutindo interpretações.
Em um cenário em que o terror brasileiro ainda luta por espaço, Apanhador de Almas se destaca como um marco promissor, abrindo caminho para novas histórias sombrias, mais ousadas e sofisticadas. É um filme que prova que o medo também pode ser contado com identidade e qualidade cinematográfica no Brasil — e que o público está pronto para sentir esse arrepio.
Vá ao cinema!