Por: Mariana Mourão
Foto: Divulgação

Com estreia marcada para o dia 31 de julho, "O Deserto de Akin", novo filme dirigido e roteirizado por Bernard Lessa, é um drama político-existencial de rara sensibilidade, que mergulha em um momento recente da história brasileira para falar, com intensidade e delicadeza, sobre pertencimento, deslocamento e liberdade.

A trama acompanha Akin, interpretado com profundidade por Reynier Morales, um dos médicos cubanos atuando no Brasil pelo programa Mais Médicos. Em 2018, com a ruptura diplomática entre os dois países após a eleição presidencial, Akin se vê diante de um dilema: retornar à Cuba, sua terra natal, ou tentar construir uma nova vida em um Brasil cada vez mais hostil.

Mais do que um drama individual, o filme traça um retrato coletivo da diáspora, do exílio involuntário e da luta de muitos por um lugar no mundo. Bernard Lessa conduz a narrativa com um olhar poético, silencioso e político — sem panfletos, mas com uma crítica contundente às forças que tornam certos corpos mais descartáveis que outros.

O elenco é outro trunfo da produção. Ana Flávia Cavalcanti entrega uma performance poderosa, humana, de uma mulher que representa a resistência e o afeto em tempos incertos. Guga Patriota (elu/delu/ela/dela) traz à tela uma presença que amplia o debate sobre diversidade e pertencimento. Welket Bungué e Patricia Galleto completam o elenco com atuações precisas, sensíveis e essenciais para a construção do universo emocional do longa.

Com uma fotografia árida, que acentua o simbolismo do deserto interno de Akin, e uma trilha sonora que pulsa junto à tensão e às escolhas do protagonista, o filme convida o espectador a refletir sobre fronteiras, escolhas forçadas e sobre o que, de fato, faz um lugar se tornar um lar.

"O Deserto de Akin" é uma obra corajosa, necessária e profundamente atual. Um lembrete de que, muitas vezes, resistir é simplesmente permanecer — mesmo quando tudo ao redor conspira para o contrário.

Não perca essa estreia!