Quando as Estrelas se Espalham: obra que emociona, divulgação que decepciona

A obra merece estar nas mãos de muitos leitores, pela potência transformadora que carrega

Por: Felipe Lucchesi
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Quando as Estrelas se Espalham, de Omar Mohamed e Victoria Jamieson, é uma daquelas obras que arrebatam pela força de sua simplicidade. Contado em quadrinhos, o relato autobiográfico de Mohamed, que viveu sua infância em um campo de refugiados na Somália, ilumina uma realidade dura, mas essencial de ser narrada. O livro consegue o feito raro de equilibrar dor e esperança, mostrando a resiliência humana diante do desamparo e a potência da imaginação em contextos de privação.


A edição brasileira, cuidadosa no traço gráfico e na tradução, amplia o alcance dessa narrativa tão necessária. O resultado é um livro que não apenas emociona, mas também educa, capaz de provocar reflexões profundas em leitores de todas as idades. Não é exagero afirmar: trata-se de uma obra-prima dentro da literatura gráfica contemporânea.

No entanto, se o livro é impecável em conteúdo e relevância, o mesmo não se pode dizer da mediação feita pela assessoria de imprensa. Jornalistas que buscam acesso à obra para leitura e elaboração de matérias têm enfrentado descaso e respostas ríspidas. É um paradoxo gritante: um livro que fala sobre empatia e humanidade ser cercado por uma comunicação marcada pela frieza e pela falta de respeito.

Essa desconexão revela um problema maior. Em um mercado em que a ponte entre literatura e público depende, em grande medida, da imprensa cultural, um trabalho de assessoria mal conduzido não apenas desrespeita jornalistas, como também compromete a visibilidade de livros fundamentais. A relação entre autores, editoras e imprensa deveria ser de parceria, nunca de barreira.

Quando as Estrelas se Espalham merece estar nas mãos de muitos leitores, pela potência transformadora que carrega. Cabe às instâncias que cuidam de sua divulgação entender que literatura desse calibre não pode ser sabotada por uma comunicação pouco profissional. O livro brilha — mas a assessoria que o representa, infelizmente, apaga parte de sua luz.


A torcida para esse cenário melhorar, permanece!