Por: Mariana Mourão
Foto: Divulgação

O anúncio da plataforma gratuita +SBT despertou, com razão, um caloroso sentimento de nostalgia no público. Afinal, a promessa era tentadora: reunir em um só lugar os grandes clássicos da emissora que marcaram gerações — de novelas icônicas a programas de auditório inesquecíveis. No entanto, o que parecia um reencontro com a memória afetiva do brasileiro acabou se revelando uma experiência frustrante, marcada por um acervo raso e uma atualização quase inexistente.

Durante o pré-lançamento, a expectativa era de que o SBT finalmente abraçasse seu próprio legado com o cuidado que ele merece. Os fãs esperavam rever episódios completos de Chaves, Domingo Legal em sua fase áurea, novelas como Pícara Sonhadora ou Esmeralda, e até realities e atrações infantis que foram sucesso nos anos 90 e 2000. Mas a plataforma, ao estrear, entregou uma seleção limitada, com conteúdos dispersos e pouco aprofundamento histórico — como se tivesse medo de mergulhar no próprio baú.

Além disso, a falta de atualização constante e de uma curadoria envolvente torna a experiência ainda mais desanimadora. O usuário entra esperando reviver momentos emblemáticos da televisão brasileira, mas encontra uma vitrine pobre, com pouca variedade e raras novidades.

O +SBT é uma ideia com imenso potencial — e isso é o mais frustrante. A emissora possui um dos catálogos mais ricos da TV aberta nacional, com programas que fazem parte do imaginário popular. O problema não é a falta de conteúdo, mas a falta de um plano estratégico e afetivo para disponibilizá-lo da maneira certa.

Em tempos em que o streaming se tornou não apenas uma forma de consumo, mas um espaço de memória cultural, a ausência de um trabalho mais cuidadoso com o acervo soa como uma oportunidade perdida. A esperança é que o +SBT ainda esteja em fase de aquecimento, e que no futuro consiga, de fato, entregar o que prometeu: um verdadeiro mergulho no que o SBT já fez de melhor.