“Silvio Santos Vem Aí”: Entre o forçado e o esforçado, Leandro Hassum não encontra Silvio Santos
Longa chega aos cinemas em 20 de novembro
Por: Felipe Lucchesi
Foto: Felipe Lucchesi


“Silvio Santos Vem Aí”, novo longa de Cris D’Amato, chega aos cinemas em 20 de novembro com a difícil missão de retratar um dos maiores ícones da televisão brasileira — e tropeça logo na sua escolha principal. Leandro Hassum, escalado para viver o apresentador, entrega uma performance tão artificial que beira o desconforto. Em muitos momentos, parece resultado de um experimento de laboratório que misturou Dudu Camargo com um imitador de auditório de fim de festa.
O problema central do filme é justamente esse: quando o protagonista não convence, o resto desaba. Mesmo com o esforço visível de todo o restante do elenco (Manu Gavassi, Marcelo Laham, Regiane Alves, Gabriel Godoy e Hugo Bonèmer) o longa não encontra tom nem ritmo. A direção de Cris D’Amato, conhecida por comédias populares, aposta em uma estética leve e televisiva, que não sustenta a densidade do enredo ambientado em 1989, quando o comunicador flertava com a política e chegou a lançar-se como pré-candidato à presidência da República.
Há lampejos de interesse, sobretudo quando o roteiro de Paulo Cursino tenta revelar o lado humano e reservado de Silvio fora dos estúdios. Mas a execução carece de profundidade e verossimilhança. A narrativa alterna entre o drama biográfico e a caricatura, resultando em um híbrido que não emociona, não diverte e, por vezes, constrange.
“Silvio Santos Vem Aí” tenta homenagear o mito, mas termina reforçando o abismo entre o ídolo e sua representação. É um filme que queria ser um tributo — e acaba parecendo uma imitação sem graça do que foi, um dia, o verdadeiro “patrão” da TV.

