“Triste! Triste… Triste?”: Thalles Cabral entre o abraço da memória e a ferida aberta da morte
Espetáculo é inspirado no livro “Triste não é ao certo a palavra”, de Gabriel Abreu
Por: Felipe Lucchesi
Foto: Diego Rodrigues


Estreou em São Paulo, capital, a peça “Triste! Triste… Triste?”, inspirada no livro “Triste não é ao certo a palavra”, de Gabriel Abreu, e que marca a estreia de Nicolas Ahnert como dramaturgo e diretor. Em cartaz no Teatro do Núcleo Experimental, o espetáculo é conduzido por uma performance arrebatadora de Thalles Cabral, que transforma a dor em poesia e o luto em arte.
No palco, o ator dá vida a um filho que enfrenta a partida iminente da mãe, mergulhando em lembranças, culpas e afetos. Entre o passado e o presente, vida e morte se confundem, revelando um personagem que busca compreender o significado da perda — e da própria existência.
Thalles entrega-se ao personagem de maneira visceral: seu corpo fala tanto quanto sua voz. Cada gesto, respiração e silêncio traduzem a fragilidade e a fúria de quem tenta conter o inevitável. O público sente o impacto de uma dor que é individual e coletiva — o grito abafado de quem ama e precisa deixar ir.
O cenário é um espetáculo à parte: uma trilha de água atravessa o palco, conectando as memórias do filho e da mãe, o tempo que se esvai e o que permanece. Essa poética visual se transforma em metáfora — como se um cordão umbilical invisível ligasse eternamente os dois, mesmo quando a morte parece querer separá-los.
Com direção sensível e uma atuação de tirar o fôlego, “Triste! Triste… Triste?” é uma experiência pulsante, um mergulho profundo nas nuances do luto, da memória e da sobrevivência emocional.
Um espetáculo que não apenas emociona — ele reverbera.
Vá ao teatro!
