Uma ode aos sonhos sufocados de quem vive à margem

Monólogo Prata da Casa interpretado pelo ator Felipe Frazão fez curta temporada em São Paulo

Por: Felipe Lucchesi
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Felipe Lucchesi

No último domingo (14), o Centro Cultural São Paulo (CCSP) foi palco de uma experiência teatral arrebatadora com o monólogo Prata da Casa, interpretado pelo ator Felipe Frazão e com direção de Victor Mendes.


Em curta temporada na capital paulista, a peça não apenas emocionou, mas fez da cena um grito por visibilidade para aqueles que raramente ocupam o centro do palco: os porteiros e trabalhadores invisíveis do Brasil.


Com um cenário minimalista, que se limitava a poucos elementos, o espetáculo convidava o público a preencher os vazios com a imaginação — e cada palavra, gesto e deslocamento de Frazão dava corpo a um universo inteiro de afetos, frustrações e sonhos.

Felipe Frazão entrega uma atuação visceral, sustentando sozinho a narrativa com presença cênica potente e uma escuta sensível que parece reverberar até no silêncio da plateia. A peça esfrega em nosso rosto uma realidade cotidiana: a de profissões que garantem o funcionamento da cidade, mas que permanecem à margem, com sonhos comprimidos por rotinas repetitivas e desumanizadoras.

Prata da Casa é um gesto político, um convite para reconhecer o humano por trás do uniforme e, quem sabe, rever o olhar que lançamos sobre quem nos cerca. Ao final, a sensação é de catarse — um misto de empatia, incômodo e reflexão que permanece ecoando muito depois do aplauso.

Vá ao teatro!