Por: Maurício Colombino
Foto: Divulgação

Disponível nas plataformas Apple TV+ e Amazon Prime Video, Palmer entrega uma história delicada e comovente sobre segundas chances, identidades não normativas e a força do afeto em meio às ruínas do preconceito.

Dirigido por Fisher Stevens e estrelado por Justin Timberlake, o filme acompanha Eddie Palmer, um ex-jogador de futebol americano que, após cumprir 12 anos de prisão, retorna à sua cidade natal na tentativa de reconstruir a vida. Entre olhares desconfiados e oportunidades escassas, Palmer encontra um inesperado elo com Sam, uma criança que desafia as expectativas de gênero ao se expressar com delicadeza, ternura e autenticidade — características que, em seu meio, o tornam alvo de bullying e rejeição.

O ponto alto do filme está na relação que se desenvolve entre os dois. Timberlake entrega uma performance contida e convincente, revelando as nuances de um homem endurecido pela vida, mas que aos poucos se permite ser transformado pela inocência e pela coragem de Sam. O garoto, interpretado de forma tocante por Ryder Allen, rouba a cena com carisma e verdade.

Palmer não reinventa a roda do drama social norte-americano, mas seu mérito está na simplicidade com que trata temas complexos como masculinidade tóxica, reabilitação social, identidade de gênero e empatia. O roteiro evita cair em armadilhas moralistas, optando por uma abordagem sincera e emocionalmente honesta.

Visualmente sóbrio e narrativamente convencional, o filme ganha força justamente pela humanidade de seus personagens. Ao dar espaço para a escuta e para o afeto, Palmer nos lembra que muitas vezes, os laços que escolhemos são mais fortes do que os que nos são impostos.